[ Traduzione e fotografie di Roberto Maggiani ]
(Il testo che segue è tratto da Dia do Mar, Editorial Caminho)
O JARDIM
O jardim está brilhante e florido,
Sobre as ervas, entre as folhagens,
O vento passa, sonhador e distraído,
Peregrino de mil romagens.
É Maio ácido e multicolor,
Devorado pelo próprio ardor,
Que nesta clara tarde de cristal
Avança pelos caminhos
Até os fantásticos desalinhos
Do meu bem e do meu mal.
E no seu bailado levada
Pelo jardim deliro e divago,
Ora espreitando debruçada
Os jardins do fundo do lago,
Ora perdendo o meu olhar
Na indizível verdura
Das folhas novas e tenras
Onde eu queria saciar
A minha longa sede de frescura.
IL GIARDINO
Il giardino è brillante e fiorito.
Sulle erbe, tra il fogliame,
Il vento passa, sognatore e distratto,
Pellegrino di mille peregrinazioni.
È maggio acre e multicolore,
Divorato dal proprio ardore,
Che in questa chiara sera di cristallo
Avanza attraverso i sentieri
Fino ai fantastici scompigli
Del mio bene e del mio male.
E portata nel suo ballo
Per il giardino smanio e divago,
Ora sbirciando adagiata
Sui giardini del fondo del lago,
Ora perdendo il mio sguardo
Nell’indicibile verzura
Delle foglie nuove e tenere
Dove io chiedevo di saziare
La mia lunga sete di frescura.
(Il testo che segue è tratto da Poesia, Editorial Caminho)
JARDIM PERDIDO
Jardim em flor, jardim de impossessão,
Transbordante de imagens mas informe,
Em ti se dissolveu o mundo enorme,
Carregado de amor e solidão.
A verdura das árvores ardia,
O vermelho das rosas transbordava,
Alucinado cada ser subia
Num tumulto em que tudo germinava.
A luz trazia em si a agitação
De paraísos, deuses e de infernos,
E os instantes em ti eram eternos
De possibilidades e suspensão.
Mas cada gesto em ti se quebrou, denso
Dum gesto mais profundo em si contido,
Pois trazias em ti sempre suspenso
Outro jardim possível e perdido.
GIARDINO PERDUTO
Giardino in fiore, giardino di non possesso,
Trasbordante di immagini ma informe,
In te si dissolse il mondo enorme,
Caricato di amore e solitudine.
Il verde degli alberi ardeva,
Il rosso delle rose trasbordava,
Allucinato ogni essere montava
In un tumulto in cui tutto germinava.
La luce portava in sé l’agitazione
Di paradisi, dèi e inferni,
E gli istanti in te erano eterni
Di possibilità e sospensione.
Ma ogni gesto in te si ruppe, denso
Di un gesto più profondo in se contenuto,
Sebbene porti in te sempre sospeso
Altro giardino possibile e perduto.
(Il testo che segue è tratto da Dia do Mar, Editorial Caminho)
JARDIM DO MAR
Vi um jardim que se desenrolava
Ao longo de uma encosta suspenso
Milagrosamente sobre o mar
Que do largo contra ele cavalgava
Desconhecido e imenso.
Jardim de flores selvagens e duras
E cactos torcidos em mil dobras,
Caminhos de areia branca e estreitos
Entre as rochas escuras
E, aqui e além, os pinheiros
Magros e direitos.
Jardim do mar, do sol e do vento,
Áspero e salgado,
Pelos duros elementos devastado
Como por um obscuro tormento:
E que não podendo como as ondas
Florescer em espuma,
Raivoso atira para o largo, uma a uma,
As pétalas redondas
Das suas raras flores.
Jardim que a água chama e devora
Exausto pelos mil esplendores
De que o mar se reveste em cada hora.
Jardim onde o vento batalha
E que a mão do mar esculpe e talha.
Nu, áspero, devastado,
Numa contínua exaltação,
Jardim quebrado
Da imensidão.
Estreita taça
A transbordar da anunciação
Que às vezes nas coisas passa.
GIARDINO DEL MARE
Vidi un giardino che si estendeva
Lungo un pendio sospeso
Miracolosamente sul mare
Che dal largo contro di esso cavalcava
Sconosciuto e immenso.
Giardino di fiori selvaggi e stentati
E cactus ritorti in mille pieghe,
Cammini di sabbia bianca e stretti
Tra le rocce scure
E, qua e là, i pini
Magri e diritti.
Giardino di mare, di sole e di vento,
Aspro e salato,
Devastato dai duri elementi
Come per un oscuro tormento:
E che non potendo come le onde
Fiorire in schiuma,
Rabbioso lancia verso il largo, uno a uno,
I petali rotondi
Dei suoi rari fiori.
Giardino che l’acqua chiede e divora
Esausto dei mille splendori
Di cui il mare si riveste ogni ora.
Giardino dove il vento lotta
E che la mano del mare scolpisce e taglia.
Nudo, aspro, devastato,
In continua esaltazione.
Giardino spezzato
Dalla immensità.
Stretta coppa
Trasborda di annunciazione
Che a volte nelle cose passa.
*
Giardino di Ninfa